O OURO OU A VIDA: Cultura anfíbia como resistência à Locomotora Mineira em Caucasia (Colômbia)
Nome: PAOLA CAROLINA TABARES SANMARTIN
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 13/10/2015
Orientador:
Nome | Papel |
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CELESTE CICCARONE | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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CELESTE CICCARONE | Orientador |
CRISTIANA LOSEKANN | Examinador Externo |
PAULO CÉSAR SCARIM | Examinador Interno |
Resumo: Este estudo de caso tem como objetivo analisar as formas diferenciadas de produção do território das denominadas comunidades anfíbias e das empresas extrativistas do ouro de aluvião no município de Caucasia (Colômbia), e os conflitos gerados pela terra e pela água. Busca ainda entender como as comunidades anfíbias tem se pensado social e politicamente por meio de comitês e organizações, para enfrentar os problemas que afetam seus modos de vida, desencadeado pelo modelo de desenvolvimento extrativista proposto e imposto pelo governo colombiano por meio do programa denominado Locomotoraminero-energética.
As comunidades anfíbias, em particular, os pescadores que se autodenominam e reconhecem como homens anfíbios, tem modos de vida que dependem da sazonalidade, de ritmos e ciclos do clima assim como das aguas. Estabelecem formas de relações não capitalistas com a terra e com a água, uso coletivo da terra e de cultivos de pan coger, privilegiando o trabalho em grupo, sem hierarquias. As relações com a natureza envolvem os seres que habitam seus territórios tanto da terra firma, como da terra molhada e a água. Este modo de vida tem sido perturbado a partir do recorte sub-regional para a exploração e crescimento econômico estabelecido no estado de Antioquia, ao qual pertence Caucasia, e em general na Colômbia.
No contexto do plano de desenvolvimento econômico nacional focado na exploração de recursos naturais como o ouro, o incremento da exploração do ouro de aluvião tem-se intensificado no município de Caucasia, aproveitando as facilidades governamentais que se dão para o licenciamento ambiental para as empresas, a escassa fiscalização administrativa, o desconhecimento do direito à consulta previa das comunidades atingidas. Para intensificar a implementação deste modelo de desenvolvimento, as empresas contam com a ajuda do Estado e da violência gerada por seus exércitos privados paramilitares, para o desalojamento forçado das comunidades, se apropriando de seus territórios.
A continuidade das práticas de pesca e de cultivo constitui uma forma de resistência e persistência dos princípios que regulam seu modo de vida que contempla uma relação responsável com a água e com a terra, desencadeando tensões entre as diferentes percepções e gestões territoriais das comunidades e das empresas exploradoras do ouro de aluvião nos rios Cauca e Nechí em Caucasia (Antioquia). Recentes ações mobilizadoras das comunidades anfíbias por meio da organização social e política em comitês e associações de pescadores tem buscado juntar forças para lutar contra a destruição não só de seus meios de produção econômica, senão de seus modos de produção e reprodução social e cultural em seus próprios territórios.