O PARADOXO DA CIDADE MONITORADA: VIGILÂNCIA LIMITADA E ESPAÇOS PÚBLICOS FRAGILIZADOS A PARTIR DO ESTUDO DO SISTEMA DAS CÂMERAS DO MUNICÍPIO DE VILA VELHA - ES
Nome: IAFET LEONARDI BRICALLI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 14/08/2015
Orientador:
Nome | Papel |
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CLÁUDIO LUIZ ZANOTELLI | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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CLÁUDIO LUIZ ZANOTELLI | Orientador |
ENEIDA MARIA SOUZA MENDONÇA | Examinador Interno |
LUÍS EUSTÁQUIO SOARES | Examinador Interno |
MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO | Examinador Externo |
Resumo: A dissertação aborda a fragilização dos espaços públicos num contexto de utilização de câmeras de vigilância, temática que será problematizada a partir da vigilância exercida pelas câmeras do município de Vila Velha ES. Partimos da hipótese de que vivemos cercados por objetos técnicos que continuamente produzem informações sobre os sujeitos sociais e os seus espaços como forma de controle. As câmeras representam o exemplo mais conhecido desses objetos, embora sejam apresentadas pelos discursos das administrações públicas como ferramentas de auxílio à segurança. Utilizando como metodologia a observação participante para acompanhamento do trabalho realizado por trás das câmeras, concluímos que uma série de fatores desmistificam esses discursos: as câmeras que não são monitoradas, a ausência de manutenção dos equipamentos do sistema, os baixos salários e as condições trabalhistas daqueles que operam as câmeras, a ausência de articulação com os demais setores da prefeitura, a falta de credibilidade das câmeras com a polícia, etc. Por outro lado, ao fazermos um trabalho na frente das câmeras, observando o cotidiano de três áreas vigiadas, bem como entrevistando transeuntes, moradores e comerciantes, concluímos que a maneira surpreendentemente indiferente com que as pessoas lidam com a vigilância é alimentada quando descobrimos que elas não oferecem a segurança pretendida. Se as câmeras não auxiliam a segurança pública, a sua utilização tem um efeito perverso na fragilização dos espaços públicos de Vila Velha, considerando que a vigilância representa ameaças potenciais e reais às condições que o pressupõem: a pluralidade e a liberdade, pois as câmeras atualizam um estado de vigilância permanente alimentando o estigma sobre determinados grupos sociais, que, por sua vez, são os alvos favoritos da vigilância, o que permite às câmeras, ainda, a potencial função de controle socioespacial direto (função admitida inclusive pelos cidadãos entrevistados) sobre os espaços vigiados; e a individualidade dos cidadãos, que é acintosamente violada. As câmeras, portanto, ao pretenderem garantir qualidade de vida à população (oferecendo segurança), produzem o efeito exatamente inverso.