A "Crise" do Café e a Ideologia Desenvolvimentista no Espirito Santo
Nome: RAQUEL DARÉ
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 27/09/2010
Orientador:
Nome | Papel |
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PAULO CÉSAR SCARIM | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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CARLOS TEIXEIRA DE CAMPOS JÚNIOR | Examinador Interno |
PAULO CÉSAR SCARIM | Orientador |
Resumo: Este trabalho investiga o processo de construção e de circulação da idéia de crise do café no Espírito Santo na década de 1960 e busca compreender como essa idéia ganhou força e legitimidade, sendo reproduzida até os dias de hoje. Parte-se do entendimento de que a idéia da crise é elemento de uma construção ideológica maior, que buscou inserir as idéias desenvolvimentistas no Espírito Santo. Assim, procurou-se, num primeiro momento, identificar e analisar as articulações políticas, os instrumentos formulados e os documentos e estudos produzidos na década de 1960 que buscaram inserir a ideologia desenvolvimentista no Espírito Santo. Viu-se que ao lado das articulações políticas e dos instrumentos formulados várias idéias foram produzidas nesse período, como estratégia para inserir a ideologia desenvolvimentista no Espírito Santo. A mais forte dessas idéias foi a de que o Espírito Santo estava em crise, e a base agrária de pequena propriedade familiar era a causa dessa crise. A agricultura familiar também foi identificada como a causa do atraso do estado e o Espírito Santo foi localizado na periferia do desenvolvimento nacional. A diversificação da estrutura produtiva foi apontada como a solução da crise. Em seguida, foram analisados trabalhos acadêmicos produzidos na época e em períodos posteriores, buscando compreender como a idéia da crise se inseriu no debate acadêmico. Constatou-se que os autores utilizaram como fontes principais para suas pesquisas os documentos e estudos produzidos na época. Assim, ao fazerem uma leitura pelo ângulo do discurso oficial acabaram reforçando esse discurso, expandindo-o do debate político para o debate acadêmico. Ao se inserir no debate acadêmico, através de teses e dissertações defendidas em importantes Universidades do Brasil, a idéia da crise ganhou legitimidade, sendo ainda reproduzida em muitas interpretações sobre o Espírito Santo. Por último, fez-se um apanhado histórico sobre o espaço agrário capixaba, contrapondo-o com as idéias contidas nos documentos e trabalhos analisados. Buscou-se trazer a tona evidências que mostram se houve ou não crise na estrutura cafeeira do Espírito Santo na década de 1960. A partir daí, apresentou-se uma interpretação da idéia da crise, apontando os elementos que levaram a sua construção.