MAPAS MENTAIS E ATLAS COMO DISPOSITIVOS CARTOGRÁFICOS NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Nome: DAVID DOS SANTOS DA CONCEICAO
Data de publicação: 14/07/2023
Banca:
Nome | Papel |
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ERNANDES DE OLIVEIRA PEREIRA | Examinador Externo |
GISELE GIRARDI | Presidente |
KARINA ROUSSENG DAL PONT | Examinador Externo |
Resumo: Apresentamos nesta pesquisa reflexões a partir do saber e da prática docente preocupadas com os rumos atuais que as discussões sobre escola, lugar, imagem e mundo tem tomado. Isso porque essas discussões se amplificaram em direção a um
viés de discurso que procura assegurar apenas uma forma padrão de entendimento dos acontecimentos e a imaginação sobre eles que reverbera na escola. Mas será que é sempre assim? O que existe nesses meandros? Na busca por compreender
essas questões realizamos um estudo para descobrir quais relações existem entre o que contribui para formar a imaginação geográfica dos estudantes na escola pública e a ideia de que estas mesmas também ocorrem a partir da atuação de poderes
locais e situações ocorridas no lugar, o que pode corroborar para interpretações ou visões de mundo, limitadas por um viés conservador que organiza os lugares, sobretudo a escola, de modo fechado numa inclusão precária à cultura e ao
conhecimento. Em termos de procedimentos, a partir da atuação docente em uma escola pública no município de Macaé (RJ), foram realizadas aulas-oficinas para duas turmas de Ensino Fundamental, sendo uma de 6o ano em 2021 e outra de 7o
ano em 2022. As atividades propostas serviram para produzir imagens na forma de mapas mentais/dispositivos e, posteriormente, a composição de painéis para formar um atlas. A partir desse ponto, primeiro caracterizamos o lócus da pesquisa para dialogar com o conceito de lugar e sua multiplicidade. Nos apropriamos do aporte teórico de Doreen Massey em que a concepção de lugar o coloca como aberto ao movimento e ao encontro enquanto possibilidade para produzir uma imaginação geográfica de mundo. Considerando a importância de ver e entender o lugar a partir da produção e uso das imagens tomamos o conceito de atlas como conjunto de imagens montadas e remontadas inspirados em Aby Warburg e sua obra Atlas
Mnemosyne elaborada no início do século XX. Para tanto, nos apropriamos dos estudos de Didi-Huberman que discorre sobre a potência imaginativa que a montagem de imagens pode ter para nos apresentar outros mundos possíveis, tal como proposto por Warburg. Trabalhando com os atlas elaborados por alunos nesta direção, pensamos que eles enquanto dispositivos acionaram, no processo, afetos que nos atravessaram para propor pensar e imaginar o mundo de variadas formas. Aí encontramos a abertura que possibilitou discutir a diversidade e a educação geográfica para o enfrentamento de velhos clichês. Destacamos também a importância desta abertura, que o trabalho com os atlas revelou, para questionar padrões e metodologias repetitivas já arraigadas nos currículos escolares, além de colocar em evidência a produção e visibilidade dos materiais elaborados pelos
estudantes a partir das suas imaginações sobre as relações que permeiam o mundo. Para nossos encaminhamentos utilizamos a contribuição que o Método da Cartografia nos trouxe de acordo com a ideia de que o lugar é relacional, nunca está acabado, e sim em um permanente devir.