CAMPESINATO E ALIMENTOS: COMERCIALIZAÇÃO DIRETA COMO ESTRATÉGIA DE SOBERANIA ALIMENTAR E AFIRMAÇÃO CAMPONESA NO MUNICÍPIO DE MONTANHA-ES.
Nome: DIONE ALBANI DA SILVA
Data de publicação: 29/04/2024
Banca:
Nome | Papel |
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CLAUDIO LUIZ ZANOTELLI | Examinador Interno |
MARCELO ELISEU SIPIONI | Examinador Externo |
PAULO CESAR SCARIM | Presidente |
SIMONE RAQUEL BATISTA FERREIRA | Examinador Interno |
Resumo: Este trabalho dedica-se a entender como as formas de comercialização direta tem contribuído para a afirmação do modo camponês de ser, viver e fazer agricultura, em específico sobre a questão da geração de renda satisfatória para a sua reprodução social e econômica, tendo como recorte de análise o município de Montanha/ES. Ele foi realizado com amplo diálogo com envolvidos, por meio de entrevistas com camponeses e consumidores envolvidos diretamente com a comercialização direta de alimentos, além de pesquisa em fontes bibliográficas acerca do tema. Dedicamo-nos a entender como o capitalismo em seus regimes de acumulação organizou o abastecimento alimentar ao longo de sua história conformando diferentes regimes alimentares, como o alimento se torna uma mercadoria nos diferentes regimes alimentares até as mazelas do atual regime alimentar. Todo esse processo de
apropriação do capitalismo sobre a dinâmica de abastecimento alimentar implicou em transformações nas formas de fazer agricultura e no campesinato. Apontamos que a especialização do campesinato como produtor de alimentos é um produto do avanço do capitalismo sobre a agricultura. No Brasil, isso contribuiu para a sua marginalização, uma vez que nossa gênese enquanto nação se deu para atender interesses externos, ficando invisibilizados aqueles que produzem “para dentro”. No entanto, esse lugar histórico contribuiu para que o campesinato brasileiro tenha um papel estratégico na produção de alimentos para o povo brasileiro. Nesta perspectiva e por suas singularidades, dedicamos parte de nosso trabalho para entender a gênese do território e do campesinato do estado do Espírito Santo, que durante o período colonial, foi uma província que se dedicou ao abastecimento interno, promovendo uma ampla territorialização do campesinato. No entanto, temos aqui um exemplo nítido do preconceito contra os camponeses em nossa sociedade, quando atribui-se à ampla presença de camponeses os motivos do suposto “atraso” do Espírito Santo frente aos demais estados da região sudeste. É influenciado por esta visão distorcida que vai acontecer o processo de colonização de sua última fronteira agrícola o norte do Espírito Santo - onde está localizado o município de Montanha - favorecendo a concentração fundiária, a territorialização da bovinocultura de corte, a especialização produtiva e mais recentemente a silvicultura, conformando uma realidade bastante adversa para a reprodução social e econômica do campesinato, principalmente em relação à possibilidade de conseguir uma renda satisfatória. Diante dessa realidade os espaços de comercialização direta de alimentos são estratégicos, pois eles têm garantido aos camponeses maior êxito em alcançar uma renda satisfatória, ao mesmo tempo que garantem alimentos de melhor qualidade e mais acessíveis aos consumidores.