O Espírito Santo na rota da grande imigração: sinais da presença italiana no
vale do Rio Caxixe, Castelo (ES)
Nome: JOSÉ LAZARO CELIN
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 20/04/2022
Orientador:
Nome |
Papel |
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| AURÉLIA HERMÍNIA CASTIGLIONI | Orientador |
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| AURÉLIA HERMÍNIA CASTIGLIONI | Orientador |
| LUIS CARLOS TOSTA DOS REIS | Examinador Interno |
| ROMÁRIO GAVA FERRÃO | Examinador Externo |
| SERGIO LUIZ MARLOW | Examinador Externo |
| SYRLÉA MARQUES PEREIRA | Examinador Externo |
Resumo: Esta tese estuda o fenômeno da grande imigração como marco inicial de um longo processo de colonização no Brasil que se estende da metade do século XIX até o início da Primeira Guerra Mundial, e que deixou marcas na paisagem onde ocorreu. Resgata a contribuição das principais teorias da imigração, identificando nas condições gerais de vida nas regiões de origem e de destino os motivos que levaram grandes contingentes humanos a deixarem a Europa em direção à América. Em vários momentos daquele período, o Brasil apresentava condições competitivas similares com Argentina e Estados
Unidos para absorver imigrantes europeus, sendo os italianos os que para cá vieram em maior número. Em terras brasileiras, as províncias do Sul e a do Espírito Santo, por motivos diferenciados, acabaram acolhendo parte significativa de indivíduos saídos do Norte da Itália. Eram em sua maioria agricultores, sonhando em abandonar a pobreza na qual viviam e alcançar a prosperidade com liberdade no Novo Mundo, trabalhando a própria terra. Para São Paulo a imigração italiana torna-se numericamente maior, embora mais voltada ao suprimento de mão-de-obra assalariada, tanto no campo quanto
na cidade. No Espírito Santo dessa época, não obstante a proximidade com a capital do Império e das regiões mais dinâmicas na fase colonial, havia terras em abundância para serem apropriadas, colocando esse pedaço do Brasil na rota da grande imigração. É o primeiro grande movimento de interiorização em terras capixabas, cujas marcas na paisagem constituem o principal objetivo da tese. O vale do rio Caxixe, no município de Castelo, é uma típica área de colonização italiana, aqui analisada por meio de entrevistas com moradores, consulta a documentos, busca de objetos históricos e muita observação direta. Constata-se que a população local se apresenta, em sua maioria, descendente de imigrantes italianos. No campo da cultura material, os sinais de sua presença são marcantes nas construções residenciais, nas estradas e nas soluções engenhosas em seu esforço de adaptação ao novo meio, sempre reinventadas como nas novas práticas agrícolas e novas atividades no meio rural. O apego ao chão conserva grande parte das antigas propriedades entre membros dessas famílias. A consciência cultural de seus moradores é atestada na preservação de valores e de um modo de vida que pode ser identificado à sua origem, a Itália. No campo religioso, igrejas, cruzeiros, oratórios e objetos de devoção constituem os aspectos mais visíveis da herança cultural
italiana. Indo além, há no simbolismo das festas e comemorações a marca evidente dos pioneiros. Modificadas, rememoradas, mas sempre redimensionadas, essas práticas religiosas e sociais conformam um legado cultural que pode ser mais profundamente estudado no tocante às potencialidades de desenvolvimento de toda a região.
