POR UMA ABERTURA DO LUGAR
Do encontro de trajetórias n'Uma viagem à Índia

Nome: LUDMILA GONÇALVES MARTINS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 05/03/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ANTÔNIO CARLOS QUEIROZ DO Ó FILHO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANTÔNIO CARLOS QUEIROZ DO Ó FILHO Orientador
EDUARDO ANÍBAL PELLEJERO Examinador Externo
EDUARDO JOSÉ MARANDOLA JUNIOR Examinador Externo
GISELE GIRARDI Examinador Interno
RAFAELA SCARDINO LIMA PIZZOL Examinador Externo

Resumo: O processo de criação e de narração literária pode ser profícuo aos estudos da geografia cultural. Profícuo porque uma obra literária tanto pode agenciar um processo de produção de narrativas menores dentro do discurso maior quanto se mostrar uma possibilidade alegórica de experimentação de mundo. Esta tese problematiza o modo como se produzem imaginações espaciais únicas sobre os lugares. Para tanto, nos orientamos para uma abordagem em que a narrativa literária possibilite uma escrita múltipla ao processo de imaginação espacial. Quando uma dada imagem/história se repete, colabora para um automatismo do pensamento, repercutindo em associações pouco promissoras ao processo de imaginação espacial e reforçando uma forma privilegiada de narrativa. O questionamento da ideia de narrativa única, mais do que transcorrer a crítica às formas de idealismo e aos discursos hegemônicos como verdade absoluta, concebe a provocação de pensar o lugar como múltiplo, justapondo diversas relações e narrativas heterogêneas de mundo. Amparados nos escritos de Jacques Rancière e Eduardo Pellejero, conceitos como partilha do sensível e fabulação de mundo compõem o intento no que tange à desterritorialização do pensamento normativo acerca da narrativa sobre os lugares. À luz do aporte teórico de Doreen Massey, em que o lugar é composto por uma coleção de histórias dobradas num espaço articulado por diversas relações de poder, pontua-se que tais relações são mediadas por uma educação visual de mundo na qual a imagem se torna paisagem para se afirmar o mundo como se ela fosse o mundo “real”. Na tessitura de um movimento que questiona as pretensões universalizantes e propõe pensar caminhos alternativos ao pensamento espacial para os estudos sobre narrativas de lugar, escolhemos Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares, para nos apropriarmos da experiência como potência narrativa sobre os modos de visibilidade e dizibilidade de lugar. Tomamos a viagem de Bloom, personagem central da trama, para atravessamentos do lugar, constituindo-o, ao mesmo tempo, versão de uma história (narrativa), como uma imagem (paisagem) e como estado de alma (experiência). Ao encontro de uma escrita que se aproxime, nos termos de Jorge Larrosa, de uma abertura em que paisagem e experiência coexistam em devir narrativo à fabulação de lugar.

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