ALÉM DO UM E DA CIÊNCIA DO ESPAÇO DO HOMEM
INTERLOCUÇÃO COM A COEXISTÊNCIA DE TODAS AS FORMAS DE VIDA EM E DO(S) ESPAÇO(S)

Nome: LEONARDA PAOLA DE LA OSSA ARIAS
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/08/2019
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
PAULO CÉSAR SCARIM Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
GISELE GIRARDI Examinador Interno
JOSÉ QUIDEL LINCOLEO Examinador Externo
PABLO MANSILLA QUIÑONES Examinador Externo
PAULO CÉSAR SCARIM Orientador
SALVADOR SCHAVELZON Examinador Externo

Resumo: Na presente dissertação, pretendo interpelar e interlocutar, a partir das práticas espaciais Pu1 Mapuche, à diferença/conflito/equívoco ontológico na relação do povo indígena com o Estado-nação chileno; a partir da retomada do conceito de coexistência das diferentes formas de vida, que emerge nos enunciados espaciais Pu Mapuche, analisando desde uma perspectiva da ontologia do espaço geográfico (Tosta, 2012) o percurso e a emergência dos enunciados de espaço geográfico terra, território e territorialidade, como conceitos e práticas, construídas desde as relações com a Coroa de Espanha, no processo de expansão colonial.
Debruço-me com os conceitos Pu Mapuche de espaço geográfico, terra, território e territorialidade, que se relacionam com os de história, memória e tempo, e que são postos em tensão no espaço judiciário. A dissertação propõe o conceito de espaço judiciário, que emerge como um desdobramento no quadro da produção nos fluxos capitalistas do espaço geográfico, e se faz presente não nas representações do espaço geográfico, senão nas práticas espaciais concretas: tensões, conflitos e equívocos de cunho ontológico, os quais a presente dissertação aborda através das provocações vindas desde distintas correntes, e que têm confluído principalmente na dita Geografia Crítica Radical ou é em si mesma uma nova (outra) crítica radical, vinda desde povos ameríndios para a chamada Geografia Moderna.
A dissertação faz apontamentos em torno da concepção espacial Mapuche, que se refere, não à produção do espaço, senão que sugere uma construção (Quidel 2012; Becerra et al, 2017) ou, mais especificamente, atos de construção, na proposta do Longko e antropólogo Mapuche, José Quidel (2012, p.81).
No entanto, retomo à narrativa historiográfica e às práticas e enunciados espaciais de Pu Mapuche sobre o etnocídio, envolvendo diversos conceitos geográficos que podem fornecer elementos chaves para a compreensão do processo de “construção” de espaço, no contexto do que Pu Mapuche reivindicam como espaços ancestrais. Este olhar dá a possibilidade de analisar, na chave das propostas cosmopolíticas (Stengers, 1997; Schavelzon, 2016; Viveiros De Castro,2002; 2010; Valentim, 2018), o que poderia considerar-se, nos próprios termos Pu Mapuche, a inclusão da perspectiva Mapu à política (Quidel, 2012; Melin et al, 2017), criando estratégias e direitos próprios Pu Mapuche de enfrentamento das tensões com o Estado-nação. Nesse processo emergem conceitos tais como Rakizuam (pensamento), Az Mapu (ordenamento próprio), Kvme Mogen (forma de vida/bom viver) e Kisugünewi (autogovernar-se).
Assim, recorro a um trabalho etnográfico do que tenho chamado espaço judiciário, especificamente dos Tribunais e Julgamentos, em que as tensões exercem um papel de testemunha das feridas ainda abertas, da continuidade do processo de colonização e do etnocídio, que estudo a partir das propostas feitas por (Clastres, [1980] 2011); Melin et al, 2015; Melin et al, 2017; Melin e Mansilla, 2019), reformuladas nos seus próprios termos por Pu Mapuche desde e em interlocução com muitas ciências: Antropologia, História, Sociologia e Pedagogia, mas reafirmando a perspectiva Mapu como uma perspectiva espacial que se reafirma e posiciona como uma nova ou outra(s) geografias da vida, que diante de tudo defendem a coexistência das diferentes e todas as formas de vida como imperativo e determinante ontológico, em contraste com as partilhas ontológicas do chamado Pensamento Geográfico Moderno referidas à natureza e à cultura.

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